Antes mesmo da época do esplendor musical setecentista na América portuguesa, as pequenas vilas dos territórios do sul do Brasil registavam um vivo cenário musical. As igrejas-matriz e as capelas dos assentamentos urbanos que iam nascendo em torno da incipiente mineração de ouro representavam uma importante componente social e acolhiam com regularidade manifestações de música sacra, em consonância com a tradição ibérica.

Neste concerto comentado, Matheus Prust e Ricardo Bernardes dão-nos a ouvir e compreender a música desse tempo, de compositores como Pedro Lopes Nogueira (c.1700/c.1770), autor de Casta de Lisões, o mais antigo método de violino escrito em português; Bernardino José de Sena, mestre de capela em Paranaguá entre 1777 e 1803; ou o próprio D. Pedro de Alcântara (1798/1834), imperador do Brasil e Rei de Portugal, compositor do Hino da Independência e da Marcha Imperial.

Trilhando os caminhos de D. Luís António de Sousa Botelho Mourão, 4º Morgado de Mateus e Governador-Geral de São Paulo entre 1767 e 1775, fundador da Casa de Ópera de São Paulo, voltamos a percorrer os caminhos da interpretação historicamente informada dos repertórios barrocos.