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Amigo e colaborador assíduo de Alvaro García de Zúñiga, Miguel Palma propõe-nos Paisagem Lúcida, uma exposição-instalação que é uma viagem pelas paisagens de Mateus. A exposição está aberta diariamente na Garagem da Casa de Mateus.
“A arte é superior à realidade e não tem com ela uma relação direta”, terá dito Piet Mondrian em 1914. Por volta de 1908-1910, ainda nos Países Baixos, Mondrian pintava árvores à maneira impressionista, inspiradas em Van Gogh. Em 1911, recém-chegado a Paris, as árvores de Mondrian começam a transformar-se e a revelar uma outra consciência das formas e da sua recomposição cubista. Ecologista avant la lettre, Mondrian percebe nas formas da natureza as formas de um mundo urbano em progressiva aceleração e vai-as depurando até ao abstracionismo geométrico.
Em Paisagem Lúcida, Miguel Palma inspira-se neste gesto originário e declina-o numa série de peças que nos interpelam pela sua natureza multiforme e pela coerência que apresentam.
Ao centro da sala, um carrossel de imagens faz as vezes de casa, de máquina arquitetónica. Suspensas num dispositivo rotativo, algumas dezenas de polaroids revelam-nos os sucessivos momentos únicos em que o olhar do artista se fixou em pormenores da paisagem construída. A escala das imagens, o movimento perpétuo e o jogo de revelação e ocultação reconstituem o percurso do olhar, do corpo que passeia e vê.
E é precisamente esse fascínio pela paisagem que conduz Miguel Palma a uma outra identificação: as árvores enquanto grandes corpos que coabitam connosco neste mundo já quase pós-humano, grandes seres que são ao mesmo tempo sistemas radiculares e projeção aérea, tronco e evanescência. Distribuídas por duas paredes contíguas, a criar uma possibilidade de imersão, de um recanto em que todo o campo da visão periférica está preenchido por estes seres, cinco grandes árvores mostram-nos, pelo menos, cinco formas diferentes de ser árvore.
O pormenor de serem pintadas é o primeiro sinal significativo, considerando que Miguel Palma tem utilizado o meio muito parcimoniosamente na última década e meia. Depois, todos os milhares de outros detalhes que dão carácter a cada uma delas: as raízes, órgãos vitais habitualmente invisíveis, mas que aqui assumem um protagonismo evidente, mesmo através das mutações que vão sofrendo; as formas geométricas, objetos ou sombras ou invasões de cor que se vão sobrepondo e remetem para outras texturas, outras matérias; as folhas e os troncos, bastante evidentes no início do percurso, mas que se vão transformando em bolhas, grandes gotas, pulsões vitais, ascensionais, que atravessam a árvore e tomam o espaço da vida que ela contém.
A terminar, um outro detalhe, também ele bastante significante: as telas nas quais estas cinco grandes árvores são pintadas não são senão fragmentos de um grande rolo de lona utilizada para revestimento do interior de automóveis. E assim regressamos ao início, à sobreposição da natureza e da máquina, às ecologias mutantes, a uma ideia de paisagem que que contém em si todas as possibilidades, assim as saibamos ver e reinventar.
Paisagem Lúcida inspira-se no olhar e na obra de Alvaro García de Zúñiga e integra o programa AGZ X, que assinala os dez anos da morte do autor.
Para mais informações, contacte-nos através do seguinte e-mail: cultura@casademateus.pt.
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