Em 2023, lançámos pela primeira vez um programa sistemático, emprestando-lhe as características da própria Casa e da sua paisagem: um espaço de transição, entre o património e o futuro, um espaço sempre em reinvenção, a acompanhar as grandes tendências e linhas de pensamento que transportam o mundo, um lugar mágico onde diferentes olhares, diferentes camadas de tempo, diferentes públicos, se podem cruzar e criar o novo.

Em 2023, a artista belga Anne Marie Maes realizou cinco residências em Mateus junto do projecto Escola das Transições, das quais nasceu a exposição e publicação Matéria de Afinidades; no mesmo ano, Miguel Azguime iniciou uma residência de longa duração, da qual nascerá a ópera Paraíso, a estrear em 2026, com co-produção da Fundação da Casa de Mateus e do Teatro de Vila Real. Em 2024, foi a vez de Miquel Bernat entrar em residência com o projecto Mineral, encomenda e streia de novas peças-estudo para percussão; e de Pedro Braga Falcão iniciar o seu trabalho junto das comunidades de Mateus que levará a uma publicação de poesia e ilustração.

Em 2025/26, será a vez da artista visual e videasta Luciana Fina convocar a artista Catarina Leitão, o geógrafo Álvaro Domingues e o filósofo Giovani Tusa, para conduzir uma investigação sobre a Água e os seus caminhos, físicos e humanos. Sob o mote ‘reescrever a natureza / atravessar a paisagem’, a artista toma como matéria inicial o projecto das condutas de água da Casa de Mateus, que remonta ao séc. XVIII e abrange uma larga porção do território, integrando as antigas minas, os pontos assinalados pelos tanques, os centros habitados.

Partindo de reflexões sobre as relações entre o humano, natureza e cultura, e do questionamento da oposição artificial/natural, nesta residência na Casa de Mateus Luciana Fina trabalhar em torno da percepção do elemento da água e no relacionamento com o território, os habitantes e a história do lugar, para uma exploração da experiência estética da água e as dimensões que a ligam à cultura, à memória e ao imaginário local. Luciana Fina realizará duas residências em Mateus, distribuídas pelos anos de 2025 e 26, acompanhada em momentos diferentes pelos seus convidados e sempre com momentos abertos à comunidade e aos públicos. O processo resultará numa exposição a inaugurar em 2026, com uma instalação vídeo de Luciana Fina e desenhos de Catarina Leitão, num espaço sonoro único. Para a construção desse espaço sonoro, será convidado um ‘field recorder’ a designar, que captará sons de fontes naturais e construirá uma banda sonora.