(Evento) As Damas Trocadas ou o Diabo a Quatro | Opera

Voltar

AS DAMAS TROCADAS ou O DIABO A QUATRO | Ópera de Marcos Portugal
21 de Julho | 21h30

Estreia com instrumentos de época, pela Orquestra Barroca de Mateus, da farsa em 1 acto com música de Marcos Portugal e texto de Giuseppe Foppa.

O marco mais afirmativo do programa da XXXI edição dos Encontros Internacionais de Música da Casa de Mateus e da sua partilha com a cidade será seguramente, no dia 21, a estreia da ópera barroca As Damas Trocadas ou o Diabo a Quatro, de Marcos Portugal, pela Orquestra Barroca de Mateus, com a direção musical do maestro Ricardo Bernardes e a direção cénica de Nicolás Isasi, em co-produção com o Teatro de Vila Real.


Divertida farsa de identidades do período italiano de Marcos Portugal, Le donne cambiate (As damas trocadas) estreia em Veneza em 1797, onde conhece mais de 52 representações. A ópera atinge grande sucesso na sua época, sendo representada em Paris, Londres, Madrid, Dresden e Lisboa no teatro de São Carlos (1804), para além uma representação não datada no Rio de Janeiro, mas certamente anteriormente ao regresso da corte portuguesa a Lisboa em 1821.


Os manuscritos da versão portuguesa regressaram do Rio de Janeiro com a Corte e estão no arquivo musical da biblioteca do Palácio Ducal de Vila Viçosa. Trata-se de uma tradução para a língua portuguesa, atribuída ao compositor, provavelmente realizada para as representações no Teatro do Salitre, em Lisboa, e no Rio de Janeiro, tal como aconteceu com outra farsa com música de Marcos Portugal: O basculho de chaminé, versão portuguesa de Il spazzacamino principe (1793).


As Damas Trocadas sinaliza a segunda incursão da Orquestra Barroca de Mateus pelo repertório operático, depois do recital Setaro, Construtor de Utopias, apresentado em 2018 em colaboração com a Ópera da Coruña.

Teatro de Vila Real

AS DAMAS TROCADAS ou O DIABO A QUATRO (1797)

Ópera de Marcos Portugal

 

Orquestra Barroca de Mateus

Ricardo Bernardes

Direção Musical

Patrick Oliva

Concertino


Nicolás Isasi

Direção Cénica

Pedro Pires Cabral

Desenho de Luz


Luanda Siqueira    

Condessa Ernesta de Fricandó

Christian Lujan                      

Conde Fricandó, marido da condessa Ernesta 

Fernando Araújo                   

Braz, sapateiro

Mariana Castello-Branco                      

Carlota, mulher de Braz

Marcio Soares Holanda         

Lucindo, cavalheiro servo da condessa 

Calebe Barros                        

Peregrino e Pipo, camareiro do conde 

INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES

MUSIC@CASADEMATEUS.PT


(Evento) As Damas Trocadas ou o Diabo a Quatro | Opera

Marcos Portugal

Marcos António da Fonseca Portugal, conhecido como Marcos Portugal ou Marco Portogallo (Lisboa, 24 de Março de 1762 – Rio de Janeiro, 17 de Fevereiro de 1830) foi compositor e organista. As suas obras foram conhecidas por toda a Europa, sendo um dos mais famosos compositores portugueses de todos os tempos.

Graças à reputação que tinha na Corte, conseguiu um patrocínio para partir para Itália em finais de 1792, onde permaneceu, com interrupções, até 1800. Compôs mais de vinte  óperas em estilo italiano, principalmente óperas bufas e farsas, que foram muito bem recebidas e encenadas nalguns dos maiores palcos italianos, como os teatros La Pergola e Pallacorda de Florença, San Moisè de Veneza e La Scala de Milão. Voltou a Portugal em 1800, sendo nomeado mestre de música do Seminário da Patriarcal e maestro do Teatro de São Carlos de Lisboa, para o qual compôs várias óperas.

Em 1811, Marcos Portugal viaja para o Rio de Janeiro por pedido expresso do Príncipe Regente D. João, sendo recebido como uma celebridade, e nomeado compositor oficial da Corte e Mestre de Música de Suas Altezas Reais, os Infantes. Em 1813, foi inaugurado no Rio de Janeiro o Teatro Real de São João – construído à imagem do Teatro de São Carlos, em Lisboa – onde viriam a ser encenadas várias de suas óperas. Vítima de dois ataques apopléticos, Marcos Portugal não acompanhou D. João VI quando a corte regressou a Portugal em 1821. Com a saúde a deteriorar-se, permaneceu no Rio de Janeiro, onde um terceiro ataque, em 1830, lhe foi fatal. Morreu relativamente esquecido no dia 17 de Fevereiro de 1830, no Rio de Janeiro.

Marcos Portugal compôs durante a sua carreira mais de 40 óperas. Além disso, compôs muitas obras sacras, entre as quais mais de 20 peças para os seis órgãos da Basílica de Mafra. Compôs ainda modinhas - "canzonette portuguesas" - e músicas patrióticas. Marcos Portugal é um dos mais prolíficos compositores portugueses de todos os tempos. A sua extensa obra encontra-se distribuída por vários arquivos em Portugal, Brasil, Itália, França, Inglaterra, Espanha, Bélgica e Estados Unidos da América. Cultivou os géneros religioso (missas, motetes, hinos, vésperas, matinas) e teatral (farsas, entremezes, óperas bufas e sérias).

Orquestra Barroca de Mateus

Sob a direção artística e musical do maestro e musicólogo Ricardo Bernardes, a Orquestra Barroca de Mateus é formada por alguns dos melhores músicos atuantes em Portugal e Espanha, especializados na interpretação historicamente informada e com instrumentos de época. O projeto de constituição da Orquestra prolonga a tradição iniciada por Marie Leonhardt com o Ensemble Barroco de Mateus, num momento em que a Fundação da Casa de Mateus retoma também os Encontros Internacionais de Música.

O seu repertório é abrangente, embora confira uma especial atenção à produção musical ibérica e de estética italianizante, bem como às suas ramificações no Brasil e na América Latina entre o séc. XVI e os inícios do séc. XIX. O concerto inaugural da Orquestra, intitulado Setaro, construtor de utopias, estreado em 2018 com a co-produção dos Amigos da Ópera da Coruña, celebrava a disseminação da ópera no Norte de Portugal e na Galiza, entre os anos 50 e 70 do séc. XVIII, bem como a sua projeção em terras brasileiras através do 4º Morgado de Mateus, D. Luís António, Governador da Capitania-Geral de São Paulo entre 1765 e 1775.

(Evento) As Damas Trocadas ou o Diabo a Quatro | Opera

Argumento

O velho conde Fricandó está farto dos caprichos de sua mulher, a jovem condessa Ernesta Fricandó. Para além de todas as jóias e mimos que já recebe, agora insiste numa cauda muito longa para o seu vestido. Isso é demais para o já cansado e maltratado conde que, irrompendo pelo jardim de seu palácio, diz ao seu secretário Lucindo e ao sapateiro Braz que prefere abandonar tudo e ir para a América do que continuar a aturar os arroubos de Ernesta. Sem dar-se conta da presença dos três homens, Ernesta sai ao jardim e canta o quanto gostava de ter um esposo rapazinho e que atendesse aos seus caprichos. 


Após ouvirem os desejos da jovem condessa o sapateiro Braz, homem rude e grosseiro, procura instigar o conde para que utilize-se dos mesmos maus modos com que trata a sua gentil e inocente mulher Carlota. Tal tratamento é refutado pelo Conde que, apesar de farto, é apaixonado pela sua esposa e pede a Lucindo que ajude-o a convencer Ernesta a desistir da longa cauda. O maroto Lucindo, que tem uma paixão secreta não correspondida pela condessa, compromete-se a ajudar, mas de facto quer apenas divertir-se com a situação. Braz traz os sapatos para Ernesta que maltrata-o, mas este não reage pois combinou com o conde que receberia uma moeda por cada insulto da condessa. Furioso internamente, Braz aceita cada insulto pois afinal não pode desprezar os ducados. Após presenciar tanta má-criação o conde procura ser conciliador com Ernesta e sugere um passeio, mas sente o desprezo da esposa que maltrata-o ainda mais do que o habitual. O conde deixa Ernesta sozinha com seus caprichos e eis que surge um Peregrino, um maltrapilho solitário e eremita, que ao pedir por uma esmola também sente o desprezo de Ernesta.  Deixado sozinho, o Peregrino, cansado da viagem, adormece no feudo do conde. Carlota, a esposa do sapateiro Braz canta enquanto apregoa os seus produtos. O doce canto desperta o Peregrino que pede uma esmola a Carlota.  De bom grado ela oferta-lhe alguns ovos e este, agradecido, vaticina que muito em breve ela será uma grande dama com um marido condescendente, com muito dinheiro e criados.  


O Peregrino esconde-se no jardim à chegada de Braz que, grosseiro como sempre, ralha com Carlota e leva-a para casa.  O até então maltrapilho Peregrino revela-se um poderoso feiticeiro que convoca os espíritos e pede que transformem Carlota em Ernesta e Carlota em Ernesta, operando-se a mágica da troca das damas. Já está a amanhecer e Braz retorna embriagado à sua oficina e vê Carlota a dormir e, afinal, diz ter algum carinho pela esposa que tanto maltrata. Inicia o seu trabalho e canta sobre os encantos femininos. Ao ver que Carlota continua a dormir impacienta-se e acorda-a para que passe também a trabalhar com os sapatos.  No entanto é Ernesta no corpo de Carlota após o encantamento que mudou-as, e Ernesta no corpo de Carlota reage indignada às maldades do sapateiro, mas dá-se por vencida e canta o seu triste fado.  Enquanto isso, no quarto da condessa, os criados tratam Carlota com a sua senhora, que crêem ser a condessa Ernesta. A pobre rapariga, sem entender o que se passa esconde-se de medo à aproximação de um homem, a quem Carlota pensava ser o seu marido Braz que viria ralhar com ela.  Mas quem chega é o conde, este também amedrontado com a possível fúria de sua esposa. Carlota é gentil com o conde e este parece não acreditar na repentina doçura de quem pensa ser a sua amada condessa.  Ouvem uma grande confusão vinda do jardim, com uma mulher a dizer ser a condessa. 


Ao entrar, a grande confusão começa, com o conde e os criados a acharem que é uma louca. Não sendo reconhecida, Ernesta fica furiosa enquanto Carlota sente-se culpada e sem saber o que dizer.  Ao longe, ouve-se Braz a gritar para entrar e saem todos para o jardim, confusos e perdidos uns com os outros. Surge repentinamente o Peregrino que revela-se como feiticeiro e anuncia ter conseguido o seu intento: que o orgulho e a soberba foram punidos. Num passe de mágica troca Carlota e Ernesta para os seus corpos originais, o que deixa todos atónitos e petrificados. Não acreditando em tudo o que aconteceu, pensam estar a viver um sonho para, a seguir, concluírem que a varinha utilizada pelo Peregrino, endiabrada para alguns e abençoada para outros, propiciou uma grande lição a todos. Nesse cómico acontecimento, que pregou uma grande peça a todos, os caprichos são levados pelo vento, e todos cantam o desfecho feliz de tamanha confusão.

Apoios

Fundação Casa de Mateus
Municipio de Vila Real
DGArtes
República Portuguesa Cultura

Eventos relacionados

29
Sáb
Jul
18:00

H

[Evento] Concerto Gran Finale
GRAN FINALE
No último fim de tarde dos Cursos Internacionais de Música Barroca, reúnem-se os sons nascidos no trabalho conjunto ao longo de uma semana intensa entre alunos e professores, todos...
Casa de Mateus

SABER MAIS

28
Sex
Jul
19:00

H

[Evento] Concerto Alumni Virtuosi
ALUMNI VIRTUOSI
Para além das classes individuais de instrumento, todos os alunos são estimulados a associarem-se um pequenos ensembles e ensaiarem em conjunto o repertório barroco. Depois de dias...
Casa de Mateus

SABER MAIS

26
Qua
Jul
19:00

H

[Evento] Concerto Maestri Virtuosi
MAESTRI VIRTUOSI
Para além de partilharem os seus saberes e a sua experiência com os alunos dos Cursos Internacionais de Música Barroca, a soprano Roberta Invernizzi e os instrumentistas António Carrilho,...
Casa de Mateus

SABER MAIS

Website desenvolvido por Bondhabits. Agência de marketing digital e desenvolvimento de websites e desenvolvimento de apps mobile