Marco Martins, nascido em Lisboa em 1972, é um cineasta e encenador português cuja obra abrange cinema, teatro e artes plásticas. O trabalho de Marco Martins caracteriza-se pela fusão de diversas linguagens artísticas e pela colaboração com comunidades específicas, conferindo-lhe uma voz singular no panorama artístico português.

Formado na Escola Superior de Teatro e Cinema, bem como na Tisch School of the Arts e na Universidade de Televisão e Cinema de Munique, Marco Martins tem-se destacado pela sua abordagem interdisciplinar e pelo envolvimento com comunidades específicas nas suas criações.

Em 2024, apresentou "A Colónia", um espetáculo de teatro baseado numa investigação da jornalista Joana Pereira Bastos sobre uma colónia de férias inédita para filhos de presos políticos, realizada em 1972 nas Caldas da Rainha. Durante duas semanas, 18 crianças, com idades entre os 3 e os 14 anos, marcadas pela prisão dos pais e por um passado de clandestinidade e solidão, experimentaram pela primeira vez a liberdade e a convivência em conjunto. Marco Martins reuniu um elenco de crianças e alguns dos participantes originais da colónia para trabalhar a partir das suas histórias e vivências pessoais, aproximando-se de uma reflexão mais ampla sobre a história, a memória e a opressão. A música de intervenção desempenhou um papel fundamental neste projeto.

Para além de "A Colónia", Marco Martins tem uma carreira diversificada. A sua primeira longa-metragem, "Alice" (2005), venceu o prémio de Melhor Filme na Quinzena de Realizadores de Cannes. Em 2007, fundou a companhia de teatro Arena Ensemble com a atriz Beatriz Batarda, onde desenvolve projetos que frequentemente envolvem comunidades específicas e periféricas, desafiando as convenções tradicionais de produção teatral. Este método de trabalho resulta em processos criativos prolongados, nos quais as vidas e histórias dos intérpretes, muitas vezes não-atores, servem de base dramatúrgica para os espetáculos.

Entre os seus projetos teatrais, destacam-se "Estaleiros" (2010), que envolveu trabalhadores dos estaleiros de Viana do Castelo, e "Selvagem" (2022), que reuniu caretos transmontanos e sardos, explorando tradições culturais e identidades comunitárias. No cinema, além de "Alice", realizou "São Jorge" (2016), filme que esteve em competição no Festival de Veneza e pelo qual o ator Nuno Lopes foi galardoado com o Prémio Orizzonti. A sua mais recente longa-metragem, "Great Yarmouth: Provisional Figures" (2022), foi apresentada no Festival de San Sebastián e continua a ser exibida em diversos festivais internacionais.