O primeiro violino próximo da sua forma atual terá sido construído em Itália no séc. XVII por Gasparo de Saló. A inspiração mais próxima seria a lira, instrumento corrente no Império Bizantino, mas as suas raízes vêm de mais longe: de instrumentos de duas cordas, em tripa, concebidos para serem tocados na vertical com arcos de crina de cavalo, inventados pelas civilizações nómadas equestres da Ásia Central.

Ao longo dos séculos seguintes, muitos foram os compositores e intérpretes que se dedicaram a desenvolver repertório novo para este instrumento, ou que foram aperfeiçoando as formas de o tocar. Nicola Matteis, o primeiro compositor que ouviremos, napolitano nascido em 1650, foi o primeiro dos notáveis violinistas barrocos a radicar-se em Inglaterra e aí popularizar o novo estilo italiano. Nas suas obras, incluía notas detalhadas sobre manuseamento do arco, sobre ornamentos ou tempos, que viriam a revelar-se determinantes para o entendimento contemporâneo das formas de interpretar a música barroca. Niccolò Paganini, um dos últimos compositores no programa deste concerto, personagem fascinante e complexa que virá a morrer em 1840, foi provavelmente o maior virtuoso do instrumento, tanto que chegou a dizer-se que teria feito um pacto com o Diabo.

Entre estes dois compositores, atravessando um arco de tempo que percorre os períodos barroco, clássico e romântico, Fabio Biondi, ele próprio violinista exímio e cultor das práticas musicais historicamente informadas, conduz-nos numa viagem panorâmica pela evolução do instrumento no repertório italiano, com obras de Guiseppe Tartini, primeiro proprietário de um violino construído por Antonio Stradivari, ou Pietro Nardini, amigo do pai de Mozart que acompanhou os seus primeiros passos do jovem génio, entre muitos outros.