Nas primeiras décadas do séc. XIX, D. José Maria, o 5º Morgado de Mateus, habitava a sua casa de Paris, na companhia da sua segunda mulher, a escritora Adelaïde Filleul. Pelo seu salão, passavam muitos dos intelectuais e artistas da corte francesa.

Cem anos mais tarde, na Belle Époque, Paris ressoava com o murmúrio refinado dos salões, onde se encontravam escritores, músicos e artistas de toda a Europa. Entre eles, compositores portugueses - hoje muitas vezes esquecidos - faziam ouvir suas vozes ao lado de Fauré, Debussy ou Hahn. Este recital propõe um passeio musical entre Paris e Lisboa, por meio de melodias e canções marcadas pelo lirismo, pela nostalgia e pela elegância.

Francis Poulenc, embora pertencente a uma geração posterior, prolonga esse espírito de salão numa linguagem musical moderna, viva, terna e por vezes irónica. À sua maneira, ele faz ecoar os últimos suspiros de um mundo desaparecido, onde a poesia, a música e a conversa eram formas de arte em si.