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Secção 06 – Sousa Botelho Mourão (1747-1806)
Em comemoração ao Dia Internacional dos Arquivos, a Fundação da Casa de Mateus apresenta, como Documento do mês de Junho, o índice das gavetas mandado fazer por D. Luís António de Sousa Botelho Mourão e sua mulher D. Leonor Ana Luísa José de Portugal, da sexta secção (1747-1806) do Sistema de Informação da Casa de Mateus (SICM), com o objetivo de “identificar” e manter organizada toda a documentação acondicionada nas gavetas.
Foram quartos Morgados da Casa de Mateus, administradores da Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, cabeça do Morgadio, e da Capela de Nossa Senhora da Esperança, na Cumieira, assim como de vários prazos enfitêuticos, dos bens da Casa de Sabrosa e dos de Vila Pouca, Lago Bom e Bornes. Foram ainda administradores dos Morgadios de Moroleiros e dos Queirós em Amarante e de outros bens, vínculos e privilégios que herdaram do avô D. Luís António de Sousa e de sua mulher D. Bárbara Mascarenhas.
A todos esses bens acrescentaram por demandas outros, como foi o caso do Morgadio de Arroios, de seus primos Álvares Coelho de Faria e o de Fontelas, da família Mendes de Vasconcelos, cuja falta de sucessão justificou reivindicação levada a cabo por D. Luís António de Sousa Botelho Mourão e seu filho, sendo o apelido Vasconcelos desde então usado por seus descendentes.
D. Luís António de Sousa Botelho Mourão, além dos dois grandes vínculos feitos em 1752 e 1754, fez vínculo dos bens e propriedades reduzindo a um só todos os bens da Casa. Não só segurou seus bens e propriedades, com as renovações e vinculações referidas, como iniciou a organização dos seus documentos, encontrando-se muitas capilhas manuscritas pelo próprio. Os documentos reflectem o rigor com que D. Luís António de Sousa Botelho Mourão e sua mulher conduziam os negócios da Casa, tendo sido a sua organização continuada por seu filho D. José Maria do Carmo de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos. Este escreveu mais tarde que sua mãe, na ausência do pai que estava no Brasil, (…) teve aqui hum homem para o archivo que principiou a ordenar (…).
A administração de todas estas propriedades e o estabelecimento da ordem na organização de todos estes papéis é desde logo reflectida na documentação que foi arrumada à moda da época nas gavetas de Mateus e de que constituem um núcleo original e extenso, título de posse e prova dos bens da Casa de Mateus.
A administração de D. Leonor, enquanto seu marido esteve no Brasil, foi, segundo seu filho D. José Maria do Carmo, (…) a melhor administração que teve a Casa. Extinguiu ela todas as dívidas que meu pai deixara, que montavam a 30$ cruzados, e com o seu juízo viu que valia mais aumentar as fazendas existentes do que comprar novas deixando tudo por cultivar (…). A Capela acabada, já a pôs no maior asseio e culto; reformou e mobilou as casas, conseguiu juiz privativo para o tombo dela (…).
Em 1772, quando saiu a Lei das confirmações dos Morgados, pediu que lhe enviassem para Lisboa as instituições da Casa para serem confirmadas. Tendo a bolsa que continha os títulos sido roubada viu-se obrigada a obter confirmações de todos os bens pertencentes a Casa de Mateus. Deste modo veio a ser esta calamidade a origem de um grande bem. Nas cartas que escrevia a seu marido, D. Leonor dava conta de todas as suas acções relativamente à administração da Casa.
Várias razões são apontadas para o regresso de D. Luís a Portugal. D. Luís António regressou do Brasil desgostoso, após onze anos de serviço, recolhendo-se a Mateus, onde se deixou envenenar pela sua filha bastarda D. Teresa de Jesus Maciel, que foi protagonista de intrigas e roubos.
Índice das gavetas mandado fazer por D. Luís António de Sousa Botelho Mourão e sua mulher, [1800]
(SICM/SSC 06.01/SR/GAVETA)
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